Partes 37, 38 e 39

Parte 37 - Sobre Rose Fine, sua tutora de infância
Parte 38 - Sobre a necessidade de ser amado
Parte 39 - Sobre sua relação com Janet Jackson 

Parte 37 - Sobre Rose Fine, sua tutora de infância

(Michael e eu falávamos sobre Rose Fine, sua tutora que acompanhou os Jackson 5 durante as turnês. Michael continuou ligado à ela até depois de ter crescido e a dar assistência financeira à ela sustentando-a pelo resto da vida. A conversa começa comigo e Michael falando da viagem de avião.)

MJ: Isso deixou uma cicatriz horrível em mim.

SB: O quê?

MJ: Turbulência e estar lá em cima pensando que não ia viver mais.

SB: Se lembra daquela história que me contou sobre a tutora judia?

MJ: Rose Fine?
SB: Você me disse uma vez, ao telefone, que ela costumava te dizer que se houvesse uma freira no avião todo mundo iria morrer.

MJ: Ela dizia: "Estamos bem, estamos sentados no avião e agora temos muita fé. Eu chequei... não havia nenhuma freira no avião." Eu sempre acreditei nisso.

SB: Você ainda procura por freiras no avião?

MJ: Eu penso nisso! Eu nunca vi uma freira no avião. Ela [Rose Fine] me ajudou muito porque segurava minha mão e me acalentava. Depois do show eu corria para a sala. Nós líamos e tomávamos leite quente e eu precisava tanto disso. Ele sempre me dizia: “A porta está aberta" e ela deixava a porta dela aberta.

SB: É possível que alguém que não seja o pai ou mãe biológico de uma criança, possa amar tanto uma criança quanto se ama a própria? Você ama outras crianças como ama Prince e Paris?

MJ: Absolutamente.

SB: Eu sempre notei que uma coisa que impressiona em você é quando eu digo: "Prince e Paris são lindos" e você sempre diz: "Não, todas as crianças são lindas." Você não me deixa seguir assim, apenas elogiando Prince e Paris.

MJ: Elas são lindas para mim. Eu vejo beleza em todas as crianças. Elas são todas lindas para mim. É tão lindo e eu as amo todas - igualmente. Eu costumava discutir com as pessoas que não concordavam comigo. Elas diziam que eu devia amar mais as minhas do que as outras.

SB: Rose Fine, embora não fosse sua mãe biológica, era capaz de te demonstrar muita afeição maternal?

MJ: ...Cara, eu precisava disso. Eu nunca estava com minha mãe...quando pequeno era muito raro, e eu tinha uma mãe maravilhosa. Eu a vejo como um anjo, e eu estou sempre viajando, indo e voltando de turnês, por toda América, além mar, clubes, sempre fora. Isso me ajudou muito. Nós tomávamos conta dela [Rose Fine] , Janet e eu, até o dia em que ela morreu. Ela morreu recentemente.

SB: Você acha que ela deveria ser mencionada no contexto da nossa iniciativa de ajudar crianças?

MJ: Por favor. Ela precisar ser lembrada.

SB: Quantos anos ela tinha?

MJ: Ela nunca me dizia a idade dela. Eu acho que ela já tinha uns 90. Ela costumava dizer: "Quando eu me aposentar de vocês, eu revelo minha idade." Mas quando ela se aposentou ela ainda não tinha me revelado. Ela estava conosco desde a primeira turnê dos Jackson 5, até eu os meus 18 anos.

A primeira turnê foi depois de termos uma grande chance - o primeiro hit single. Ela sempre tinha o poder, como alguns concertos começavam tarde e ela sempre tinha o poder de parar o show por causa da Educação que dizia 'crianças não podem passar tempo legalmente (sem estudos)'. Mas ela sempre deixava passar. Ela não podia magoar a plateia.

SB: E então ela lecionava durante o dia?

MJ: Aha.

SB: Matérias básicas? Matemática? Inglês? Ela ensinava para todos os cinco juntos?

MJ: Sim, todos juntos, por três horas. Ela ensinou Janet, todos eles.

SB: Me conte mais um pouco sobre ela?

MJ: Sim, Rose Fine morreu esse ano (2001). Janet e eu pagamos por enfermeiras e cuidados hospitalares, e se a televisão dela quebrasse ou ficasse sem eletricidade, ou qualquer coisa que estivesse indo errado na casa dela, nós pagávamos as contas. Agora, o marido dela está doente e eu estou tomando conta dele, pois sentimos que ela era nossa mãe e você cuida de sua mãe.

SB: Você sente mesmo isso?

MJ: Absolutamente. Ela era mais do que uma tutora e eu fiquei tão bravo comigo mesmo, pois quando ela morreu eu estava longe, muito longe. Eu não conseguiria chegar até lá. Eu estava na Suíça e Ewy [secretária de Michael] me telefonou e me disse que ela estava morta. Eu disse: "O quê? Eu estou na Suíça. Eu não posso..." Isso me deixo bravo, mas eu fiz tudo o que podia.

Também me magoou quando eu fui visitá-la, eu disse: "Sra. Fine, é o Michael" e ela disse: "Você não é o Michael" e eu voltava a dizer: "Sou eu, o Michael" e ela dizia: "Não diga que você é o Michael. Você não é o Michael". Isso meio que finca no cérebro e eles não te reconhecem mais. Isso dói tanto. Envelhecer não é sempre bonito. É triste.

SB: Com quantos anos uma criança lida com algo assim? Você tentava conservar a sua juventude, seu jeito brincalhão, e todas as coisas das quais falamos a respeito. Você acha que envelhecer é uma maldição?

MJ: De certa forma, quando o corpo começa a deteriorar. Mas quando os idosos voltam a infância, eles ficam bastante brincalhões e crianções. Eu me relaciono bem com idosos por que eles têm aquelas qualidades de criança. Sempre que eu vou a um hospital eu sempre acho um jeito de ir em outros quartos para conversar com idosos. Eu fiz isso dois dias atrás, pois eu estava no hospital e eles são tão amáveis e te recebem como as crianças recebem.. Eles dizem: "Entre" e nós conversamos. Eles são simples e gentis.

SB: Então a vida é como um círculo. Você começa como criança e então passa pela fase adulta, que muitas vezes não é saudável. Há muitas coisas negativas sobre essa fase, e então você volta, numa idade avançada, àquela inocência, e se torna muito mais brincalhão. E se tem mais tempo como as crianças têm. Eu acho que é por isso que avós se dão tão bem com os netos.

MJ: Idosos e crianças são parecidos. Eles são livres e brincam livres e são simples e gentis. É um sentimento espiritual. Eu não visito lares de idosos tanto quanto visito os orfanatos. Muitos deles têm Alzheimer e não te reconhecem. Mas eu sempre tenho ótimos relacionamentos com idosos. Eu adoro coversar com eles e eles te contam estórias de infância e como o mundo era naqueles dias e eu amo isso.

Havia um idoso judeu em Nova York que muito tempo atrás me disse: "Sempre seja grato pelo seu talento e sempre dê aos pobres. Ajude outras pessoas. Quando eu era menino meu pai me dizia: 'vamos pegar essas roupas e esses pães e vamos embrulhá-los, e vamos pelas ruas e subindo escadas batendo nas portas das pessoas para deixar os embrulhos à porta e corremos!' Eu perguntava: 'Porquê você diz para correr?' e ele respondia: "Porque quando eles abrirem a porta, não quero que sintam vergonha. São orgulhosos. Essa é a real caridade" Eu nunca esqueci isso [a estória do idoso]. Isso é doce, não é? E ele fazia isso quando menino, o tempo todo.

SB: Então você tentou fazer atos caridosos que ninguém ficasse sabendo?

MJ: Sim, sem brandir nenhuma bandeira. Ele [o homem o qual Michael falava] dizia que a verdadeira caridade é dar de coração sem levar crédito, e quando ele corria, ele não sabia o que havia deixado. Era como se Deus tivesse deixado cair lá, sabe? Era tão bonito. Eu nunca esqueci essa estória. Eu tinha uns 11 anos quando ele me contou isso. Ele era um judeu idoso e muito gentil. Eu lembro.

(Na religião Judaica, a forma mais alta de caridade é quando o beneficiado não sabe a identidade do benfeitor, e o benfeitor não sabe a identidade do beneficiado. Daí o costume judeu de pôr dinheiro todos os dias em uma caixa de caridade em casa ou em uma fundação pública que mais tarde será distribuída para os pobres.)

SB: Ela [Rose Fine] era uma judia comprometida? Ela vigiava a fé dela? Ou ela era mais como uma judia sem comprometimento?

MJ: O que isso significa?

SB: Ela se abstinha de viajar no Sabbath, ela comia apenas kosher food, coisas assim?

MJ: Não que eu lembre. Ela me ensinou muito sobre o Judaísmo. Eu não sei se ela comia Kosher food, mas sempre me sentia mal por ela, porque o filho dela sofria muito. Ele era um médico que morreu cedo e no dia em que ele morreu, eu me lembro do quão pra baixo ela ficou. Ele era um médico maravilhoso, foi para Haward, era alto e bonito. Ele tinha um tipo de tumor cerebral. Eu não consigo imaginar perder um filho assim, não consigo imaginar perdendo qualquer criança.

SB: Você descobriu algo de bom sobre o Judaísmo de Rose Fine?

MJ: Ela me ensinou a cultura judaica e eu nunca esquecerei, quando eu era pequeno pousamos na Alemanha, e ela ficou tão quieta. Perguntei: "O que foi, Senhorita Fine?" Sabe quando as crianças conseguem dizer se há algo de errado com suas mães? Ela disse: "Eu não gosto disso" E eu perguntei: "Porquê?" E ela respondeu: "Muita gente sofreu aqui."

Foi quando eu aprendi sobre os campos de concentração, através dela, pois eu não sabia nada a respeito disso. Eu nunca irei esquecer aquele sentimento. Ela disse que sentiu frio lá, ela podia sentir. Que pessoa gentil. Ela me ensinou as maravilhosas palavras dos livros e a ler, e eu nunca seria a mesma pessoa se não fosse por ela. Eu devo muito à ela e por isso que estou dedicando o novo album à ela.

SB: Você acha que ela te via como um filho?

MJ: Ela me chamava de filho. Sempre que subíamos no avião e viam sete meninos negros com um pai negro, nos tínhamos como grandes Afros, e então essa senhora branca e judia conosco. Paravam para perguntar: "Quem é você?" Ela respondia: "Eu sou a mãe." Ela sempre respondia isso e a deixavam passar. Estória doce. Ela era especial. Eu precisava dela.

SB: Ela mostrava amor incondicional?

MJ: Sim.

SB: Então, você acha que amor incondicional pode ser demonstrado por duas pessoas que não têm vínculo sanguíneo?

MJ: Oh meu Deus, sim, claro! Eu acho que aprendi isso com ela. Eu vi e experimentei isso. Não importa o sangue, a raça, crença ou cor. Amor é amor e quebra todas as barreiras e você pode ver direito. Eu vejo isso nos olhos das crianças. Quando eu vejo crianças, eu vejo filhotinhos desamparados. Elas são tão doces. Como pode alguém machucá-las? Elas são tão maravilhosas.

SB: Ela morreu esse ano, então isso significa que você tem que lidar com a perda. Como uma criança lida com a perda? Criança vive no paraíso, num mundo perfeito o qual estamos tentando descrever. Adultos estão sempre sendo corrompidos pelas guerras e ciúmes, e o cinismo, e de repente vem a morte e mesmo uma criança tem de lidar com isso. E como você lida com a morte? E como uma criança lida com a morte?

MJ: Sim, eu tenho que lidar com a morte e isso é muito difícil.

Parte 38 - Sobre a necessidade de ser amado

SB: Deus sempre responde suas orações?

MJ: Habitualmente. Absolutamente. É por isso que acredito Nele.

SB: Você acredita que Ele esteve com você nos momentos mais difíceis da sua vida?

MJ: Não houve uma só coisa que eu tenha pedido que eu não tenha conseguido. Não é materialista. Vou dizer uma coisa que eu nunca disse antes e isso é verdade. Eu não tenho motivos para mentir para você e Deus sabe que estou dizendo a verdade. 

Eu acho que o meu sucesso e minha fama, que eu quis, eu quis isso para ser amado. E é só. Essa é a real verdade. Eu queria que as pessoas me amassem, que me amassem de verdade, pois eu realmente me sentia amado. Eu disse que sei que tenho uma habilidade. Talvez se eu refinasse mais a minha arte, talvez as pessoas me amassem mais. Eu só queria ser amado por que eu acho importante ser amado e dizer às pessoas que você as ama, olhar nos olhos delas e dizer isso.

SB: Mas o outro lado disso, Michael, que se fosse dado à você uma enorme quantidade de amor, então talvez você não tivesse trabalhado tanto para ser bem sucedido.

MJ: Isso é verdade. É por isso que eu não iria querer mudar nada, pois tudo iria funcionar de modos diferentes.

SB: Então você seria capaz de transformar a negligência em benção?

MJ: Sim.

SB: Eu me lembro de uma citação de Paul McCartney, que perguntou por você quando você se tornou uma grande estrela. Alguém disse: "Michael Jackson vai ser como essas outras estrelas do rock - Que Deus não permita, morto aos 30 por causa de drogas?¨ E McCartney disse: "Não. Michael tem um caráter diferente. Ele não xinga, não bebe." Ele disse isso há 15 anos atrás. Você sabia isso sobre você, que tinha um caráter assim, que se continuasse assim, iria ser destruído pela fama e o sucesso?

MJ: Sim. Eu sempre fui meio que determinado. Eu tenho sempre a visão das coisas que eu quero fazer e dos objetivos que quero alcançar e nada poderia me fazer parar de conseguir isso. Eu estou focado e sei o que quero e no que eu quero alcançar e não vou desviar. E mesmo que eu tenha baixas, às vezes, eu continuo batalhando e superando para alcançar esses objetivos. Isso me mantém na linha. Eu sou dedicado.

SB: Se você é completamente feliz com quem você é, sobre... você disse que não faria nada diferente porque sabe que qualquer que seja a experiência que tenha tido na infância, te trouxe até quem você é hoje, seu sucesso. Então não faria nada diferente?

MJ: Não. Sou muito sensível com relação à outras crianças por causa do meu passado e sou feliz por isso.

Parte 39 - Sobre sua relação com Janet Jackson 

SB: Deixe eu dividir um pensamento. Você disse que seu pai te humilharia num show e te faria chorar e te empurraria do palco diante de todas as garotas que te amavam... para quê? Para mostrar o poder dele sobre você?

MJ: Bom, huuum... não. Ele não faria isso no palco. Assim, depois do show havia um lugar cheio de garotas. Ele adorava trazer garotas para a sala, meu pai. E depois do show tínhamos que comer alguma coisa, ou que fosse, e na sala havia uma fila de garotas cheias de gracinhas, nos adorando, tipo: " Oh meu Deus!" e tremendo.

E se eu estivesse conversando e algo acontecesse que ele não gostasse, ele faria um olhar assim... Ele faria esse olhar só para assustar. Uma vez ele me deu um tapa tão forte no rosto, o mais forte que pode, e então me empurrou para outra sala grande, onde elas estavam. Lágrimas rolavam no meu rosto, e o quê se poderia fazer?

SB: E quantos anos vocês tinham? [Prince lá atrás "Temos três anos!"... rindo]

MJ: Não mais do que 12... 11, por aí.

SB: Então esse foi o primeiro momento em que você sentiu vergonha em sua vida: Humilhado mesmo?

MJ: Não, teve outros momentos. Ele fez algumas coisas duras, cruéis... Cruéis... Eu não sei o porquê. Ele era durão. O jeito que ele batia forte, sabe? Ele nos fazia tirar a roupa primeiro. Ele passava óleo. Era como todo um ritual. E assim quando a ponta do fio de ferro acertava [Michael faz o barulho dos açoites] sabe... era como morrer e ficava as marcas dos açoites no rosto, nas costas, em todo lugar. Eu sempre ouvia minha mãe dizer: "Não, Joe! Você vai matá-los, você vai matá-los, não!"

E eu apenas desistia, como se não houvesse nada que eu pudesse fazer. E eu o odiava por isso, odiava. Todos nós odiávamos. Costumávamos dizer para nossa mãe e para nós mesmos, e eu nunca vou esquecer-me disso. Janet e eu costumávamos dizer... Eu costumava dizer: "Janet feche os olhos." Ela respondia: " Ok, estão fechados." E eu dizia: "Imagine Joseph num caixão. Morto. Você fica triste?" Ela respondia; "Não!" Apenas assim. Era isso que costumávamos fazer, quando crianças. Brincávamos assim. Era o ódio que sentíamos. Eu dizia: " Ele está no caixão, está morto. Você ficaria triste?" E ela respondia: " Não!" Assim, simplesmente. Era o quão bravos ficávamos com ele. E eu o amo hoje, mas ele é difícil, Shmuley. Ele era durão.

SB: Mas você sabia que isso era parte de ser corrompido enquanto criança, quando começava se sentir assim - odiando? Você sabia... "Eu tenho que me livrar disso de algum jeito. Tenho que fazer algo com relação á isso"?

MJ: Sim, eu queria me tornar um artista incrível, que seria amado em retorno.

SB: Então você poderia mudá-lo, você pensava. Se você... Então você pensava que se se tornasse uma grande estrela, de muito sucesso, e amado pelo mundo, com muito sucesso, seu pai te amaria também?

MJ: Aha.

SB: Então você poderia mudá-lo assim.

MJ: Aha. Eu esperava que pudesse, eu esperava que pudesse ter o amor de outras pessoas, pois eu precisava muito, sabe? Precisa-se de amor. Precisa-se de amor. Essa é a coisa mais importante. É por isso que me sinto tão mal por aquelas crianças nos orfanatos e hospitais, e ali, sozinhas, presas nas camas - eles as prendem por não terem funcionários o suficiente.

Eu digo “Estão loucos?" Eu vou em cada cama libertando-os, liberando-os. Eu digo: “Não é assim que trata crianças. Não se amarra crianças!" Ou então eles as acorrentam nas paredes em alguns lugares, como na Romênia. E elas têm que dormir perto das próprias fezes.

SB: Você se identifica mais com pessoas assim por que você é também tão sensível quanto?

MJ: Sim, eu sempre abraço mais Mushki [a filha mais velha do rabino na época com 12 anos] porque eu sinto a dor dela. Ela sente tanta dor. Quando Janet engordou muito ela chorava muito, minha irmã Janet. Ela decidiu perder aquele peso todo... "Eu vou perder isso tudo!" e perdeu. Ela costumava ser muito infeliz.

SB: Você se sente protetor dela como sendo sua irmãzinha?

MJ: Sim, eu estava determinado a fazê-la perder peso. Eu fui mau. Eu a provocava para fazê-la perder peso. Eu não gostava disso nela. Eu não gostava porque eu sabia que era uma época ruim para ela.

SB: Como você conseguiu que ela fizesse algo a respeito disso?

MJ: Eu disse que ela precisava perder peso porque parecia uma vaca gorda. Eu disse isso para ela e foi muito mau de minha parte dizer isso. Ela me mandava calar a boca e eu a mandava calar a boca. Mas eu estava determinado a fazê-la parecer melhor, pois no fundo do meu coração eu a amava e queria fazê-la brilhar, e quando ela se tornou uma estrela, sabe... álbuns... eu fiquei tão feliz e orgulhoso porque, sabe, ela havia conseguido.

SB: Você ainda se sente protetor em relação à sua irmã mais nova?

MJ: Sim, sim... Eu só quero que fiquemos mais próximos. Somos próximos em espírito, mas não como família. Por que não celebramos, não temos motivo para estarmos juntos agora. Eu gostaria que isso fosse semeado em nós. Eu adoro ver o que vocês fazem aquela coisa de abençoar que toca tanto o meu coração. Eu vejo por que vocês são tão próximos, isso é doce.

(Nas noites de sexta-feira, quando vêm o Sabbath Judeu, minha esposa e eu abençoamos nossos filhos, um por um, para que cresçam como as grandes figuras da Bíblia, os patriarcas e matriarcas do povo judeu. Michael testemunhou isso várias vezes, como convidado nosso na mesa do Sabbath, em nossa casa. Ele sempre observava atento enquanto abençoávamos nossos filhos.)